quarta-feira, 29 de junho de 2011

Caso Juan: PM investigado pelo sumiço do menino já se envolveu em pelo menos outros oito autos de resistência na Baixada

Um dos policiais militares do 20º BPM (Mesquita) que estão sendo investigados pela operação na Favela Danon que resultou na morte do suspeito Igor de Souza Afonso, de 17 anos, e no desaparecimento do menino Juan de Moraes, de 11, o cabo Isaías Souza do Carmo já se envolveu em pelo menos outros oito autos de resistência (mortes de suspeitos em confronto com a polícia).
Todos os supostos confrontos ocorreram na Baixada, sendo que dois foram registrados na 56ª DP (Comendador Soares) — mesma delegacia que investiga o auto de resistência de Igor e que começou a apurar o desaparecimento de Juan, antes de o caso ter sido transferido para a Delegacia de Homicídios (DHBF).

Em 18 de dezembro de 2001, dois supostos traficantes morreram ao trocarem tiros com PMs na Rua Cocota, Belford Roxo. Em 28 de março de 2002, um homem morreu num suposto confronto com PMs no Morro Gogó da Ema, no bairro Jardim Bom Pastor, no mesmo município.

Em 13 de julho de 2002, dois suspeitos morreram num tiroteio com PMs na Rua Rocha Carvalho, em Belford Roxo. Foram arrecadados dois revólveres. Em 19 de julho de 2008, um homem morreu e Renan Desidério foi preso após confronto na Rua Plácido Figueiredo Júnior, em São João de Meriti. Eles estariam fazendo roubos na região.

Os outros PMs investigados pelo sumiço de Juan são os cabos Rubens da Silva e Edilberto Barros do Nascimento, e o sargento Ubirani Soares.

Especialistas criticam demora na realização da perícia de local de crime

Para o perito aposentado Mauro Ricart, ex-diretor do Departamento de Polícia Técnica, uma perícia de local realizada oito dias após o crime pouco ajuda na investigação:

— O local do crime deve ser examinado imediatamente. Quanto mais o tempo passa, menos elementos o perito vai colher. Depois de 48 horas, o valor da prova diminui substancialmente, devido à chuva, ao sol, ao vento. Além disso, pessoas pisam no local e podem até levar consigo, inadvertidamente, elementos importantes para a investigação policial.

Diretor da Associação dos Peritos do Estado do Rio (Aperj), Abraão Lincoln ironizou a demora na realização da perícia de local.

— Essa perícia feita oito dias depois do desaparecimento do menino só foi feita para dar uma resposta à imprensa e à sociedade. Após todo esse tempo, o local já foi totalmente desfeito e a perícia quase não tem valor algum. A verdade é que não é comum a realização de perícia em casos como esse, ocorridos em comunidades carentes, ainda mais na Baixada Fluminense.

Segundo Lincoln, o estado precisa investir mais na perícia técnica:

— O maior problema é falta de estrutura, como viaturas, materiais e pessoal de apoio.

Gazeta Santa Cândida

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